quinta-feira, fevereiro 21, 2013

sobre os 9 filmes do oscar

Life of Pi: achei ótimo. Visualmente, é um dos filmes mais lindos que já vi na vida (as imagens meio psicodélicas flutuando pelo Universo até chegar no olho de uma garota, bem como o tigre Richard Parker e como a baleia pulando no meio do oceano não vão sair da minha cabeça por muito tempo). Tem uma mensagem deísta bem bonita sem ser moralista, não é forçadamente esticado para ser ""épico"" (cof cof, Benjamin Button), é um amor. Seria perfeito se não fosse o sotaque indiano - existem poucas coisas que eu odeio mais do que sotaque indiano.

Amour: não gostei. Me pareceu um filme excessivamente sádico, muito inflamado, que não seria tão impactante não fosse a atuação da Emmanuelle Riva. Mas entendo completamente o apelo do filme (é incrível como o filme começa no mais profundo silêncio e esta falta de som continua até o fim dos créditos, e alguns momentos, quando você pensa que as coisas não estão tão más assim, o filme te dá um soco no estômago). Michael Haneke tem meu respeito - mas não minha admiração.

Beasts of the Southern Wild: achei amor. O filme não é lá muito especial ou original, mas a atuação da Quvenzhané Wallis como a protagonista Hushpuppy e o roteiro flertando com a fantasia me conquistaram.

Zero Dark Thirty: gostei e não gostei ao mesmo tempo. Pontos altos: as cenas bem corajosas mostrando agentes da CIA torturando homens ligados a Alqaeda, o formato documental que dá um tom meio neutro ao filme, alguns diálogos intrigantes e a atuação incrível da Jessica Chastain. Pontos baixos: monotonia extrema em alguns momentos, cenas de ação longas demais e uma construção frágil da protagonista. Admiro muito a Kathryn Bigelow e a Jessica Chastain por A Hora Mais Escura (é difícil pensar noutro(a) diretor(a) ou noutra atriz para realizar um trabalho deste porte), mas decididamente não é o meu tipo de filme.

Les Misérables: gostei moderadamente na primeira vez que assisti, mas passei a adorar quando fui ver no cinema. Sim, o filme é longo. Sim, as 3 horas quase ininterruptas de música são um pouco cansativas. Sim, o Russel Crowe força a barra e a meia hora inicial é acelerada demais. Mas o filme é de uma beleza incrível, e os pontos altos superam tanto os baixos, que estes pontos baixos parecem insignificantes. Basta um pouco de boa vontade para você amar Os Miseráveis. Músicas belíssimas (com destaque para"I dreamed a dream", "Who am I?", "Do you hear the people sing?", "On my own", "Red and black", "One day more", "Master of the house" - ou seja, quase todas), atuações maravilhosas (em especial as de Hugh Jackman e Anne Hathaway, que oferecem os melhores trabalhos de suas carreiras - mesmo a Anne só aparecendo por 20 minutos no filme), momentos inesquecíveis etc. É de fato um filme pretensioso (nem teria como não sê-lo, visto que é baseado num dos musicais mais bem sucedidos da Broadway, inspirado por sua vez numa obra-prima de Victor Hugo), mas cumpre sua pretensão sendo um dos musicais mais grandiosos e emocionantes do cinema recente.

Django Unchained: é Tarantino, né? Tem nem muito o que falar; é um dos filmes mais divertidos do cara. Um banho de sangue que não tínhamos desde Kill Bill. Um roteiro tão louco e envolvente quanto os dos faroestes dos anos 60, atores bárbaros (o que falar de Samuel L. Jackson, genial e hilário como um negro racista - quem de fato comanda a casa -, de Leonardo DiCaprio, afetadíssimo como o dono da mansão Candyland - o campo de batalha do filme -, e de Christopher Waltz, num papel semelhante ao de Bastardos Inglórios - mas ainda mais carismático?). Até Jamie Foxx, um ator meio limitado, brilha no filme. O filme, como todos do Taranta, chega perto do exagero (talvez beirando o mau gosto), e é isso que o torna tão divertido. Há quem reclame da falta de mulheres no filme (só há duas - três, se contarmos uma figurante meio especial -, e elas são bem inexpressivas, quase sem função), mas, sinceramente, Django Livre é uma experiência mais que satisfatória. (Destaque para a trilha sonora lifechanging.)

Lincoln: zzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZZhmmmmnhamnhamzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzZZZZROMC (única coisa boa é o Daniel Day-Lewis e alguns aspectos técnicos. Sei nem como esse sonífero é um dos favoritos.)

Argo: Ben Affleck SACUDINDO A POEIRA E DANDO A VOLTA POR CIMA no melhor estilo. O rapaz (que ainda tem a antipatia das pessoas pela sua atuação mais ou menos nos filmes da última década) realizou um suspense de primeira, que te deixa com o coração na mão, do jeito que nem o Scorsese consegue mais fazer. Num filme cheio de atores queridos (Alan Arkin, John Goodman, Bryan Cranston etc), com um roteiro super intrigante e afiado, Affleck consegue te prender do início assim e te fazer torcer para os agentes da CIA se darem bem (o que é um ponto negativo e positivo ao mesmo tempo). Um filme maravilhoso com uma trilha sonora linda (Alexandre Desplat - cara, dá só uma olhada na filmografia deste senhor - tá de parabéns) e um ritmo ótimo. Ben Affleck - que até então só tinha dirigido Medo da Verdade e Atração Perigosa, dois filmes bons-mas-nem-tanto - foi extremamente injustiçado ao não ser indicado ao Oscar de melhor diretor. 

Silver Linings Playbook: meu favorito da lista. Apesar de não ser um filme de tom épico (como Lincoln ou Os Miseráveis) ou original (como Argo ou Django Livre), a história de Pat e Tiffany, dois desajustados, me emocionou de uma forma que eu não imaginava que ela faria. Bradley Cooper está sem dúvida no melhor papel de sua carreira, mostrando uma evolução estupenda em sua atuação (já atestada em filmes menores, como Sem Limites e As Palavras). Jennifer Lawrence não faz por menos, mostrando que de fato é uma das atrizes mais competentes de sua geração (vide Inverno da Alma, X-Men: Primeira Classe e Jogos Vorazes), e neste filme em especial ela mostra uma atuação assombrosa e totalmente dedicada. O roteiro passeia entre o dramático, o cômico e o romântico, sem exagerar em nenhuma dessas características, e satisfazendo mesmo com um final previsível. A direção (do sempre competente David O. Russell) e a trilha sonora (composta e selecionada por Danny Elfman, habitual parceiro do Tim Burton) também são incrivelmente boas. Ah, sem mencionar também o prazer que é ver Robert De Niro em um filme bom de novo.

5 comentários:

  1. Só discordo em relação a Pi, ô filme sofrível.

    Os meus preferidos foram Django Unchained e Argo. Apesar que eu nunca perdoarei o Ben Affleck pelo Demolidor e por Forças do Destino.

    Infelizmente o valium do Lincoln vai levar a maior parte dos Oscar, eu acho.

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  2. Muito bom! Queria ser sucinto assim! E queria poder assistir Life of pi, mas não tenho como baixar :(. Só discordo dessa visão de que Biggelow tentou dar um tom neutro no filme, na verdade achei super explícitas as preferências políticas dela. E que pretencioso dizer que Scorsese não conseguiria fazer o que Ben fez! hahahahaha ACHO que concordo, mas foi corajoso expor. De boa, eu daria o Oscar pro David O Russel.

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  3. mas Who am I???????? Who am III??? (só os fortes entenderão)

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  4. Como assim você ainda tem blog e com uma postagem desse ano?

    Sdds =*

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