terça-feira, novembro 25, 2014

é possível amar em dezembro?

quinta-feira, setembro 04, 2014

  Eu não quero seguir em frente. Eu quero tentar invadir sua casa, subir seu muro e me prender no arame farpado. Eu quero que seus cachorros latam para mim e que a vizinhança toda veja meu sangue no chão e saiba que eu estive ali.

  Eu não quero seguir em frente. Eu quero encher sua caixa de entrada, mandar ébrias mensagens de áudio por seguidas madrugadas, metralhar seu celular com poemas de amor, ligar para o seu número dia sim e dia também. Eu quero colar um cartaz em cada esquina do seu bairro com aquela imagem do Tio Sam dizendo que quer você.

  Eu não quero seguir em frente. Eu quero mandar e-mails e mais e-mails para sua mãe, para seu irmão e para sua melhor amiga, Times New Roman, fonte 12, tentando convencê-los a te convencer a olhar para mim. Eu quero te escrever uma carta de 15 metros no Natal, com os prós e os prós de me amar e de ser amado por mim.

  Eu não quero seguir em frente. Eu não quero, eu não posso, eu não vou seguir em frente. Eu não quero esquecer que você me fez sofrer: eu quero que você venha aqui e me faça sofrer de novo e de novo e de novo.

  Eu não quero seguir em frente. Eu quero que você me queira, nem que seja só um pouquinho, dois encontros de 15 minutos durante a semana, uma mensagenzinha no Facebook na quinta, um telefonema no sábado. Eu quero que você pense em mim, que você, no meio da leitura de um livro, no meio da reunião, no meio da faxina, lembre que eu exista e que fique feliz por isso, nem que seja só um pouquinho de nada feliz por isso.

  Eu não quero seguir em frente. Eu quero caminhar de Itapuã até a Barra, passando pela casa da minha tia em Boca do Rio e pela minha faculdade em Ondina, e quero fazê-lo descalço, para que você veja meus pés sangrentos, e quero chegar na frente do seu prédio, às margens da Avenida Oceânica, desfeito em suor e cansaço, só para mostrar do que eu sou capaz, só para mostrar do que eu sou capaz por você.

  Eu não quero seguir em frente. Eu não quero, eu me recuso a seguir em frente. Eu quero fazer um ebó, três despachos e uma oração à São Francisco para ver se você larga tudo e vem viver a vida comigo.

  Eu não quero seguir em frente. Eu só quero seguir em frente se for com você. Mas eu sei que você quer, você pode e você já está seguindo em frente, enquanto eu fico aqui, empacado feito uma mula no lamaçal.


  Eu não quero seguir em frente. Eu sou uma mula no lamaçal.

quarta-feira, junho 25, 2014

A quem interessar possa, fiz um blog para minhas resenhas de filmes. Como sou desocupado, assisto muita coisa e gosto de escrever sobre depois. E como trabalho na Agenda Arte e Cultura (site de jornalismo cultural da minha universidade), vez ou outra escrevo sobre cinema lá também. Fiz este novo espaço para reunir todos os textos e ver se a vida fica um pouco mais organizada. Fiquem ligadinhos.

sábado, junho 14, 2014

Pode não parecer, mas eu me empolgo muito facilmente com as coisas. Quando conheço alguém, me interesso em conhecer sua história, quem ela é, se ela gosta de ouvir Caetano Veloso ou Belle and Sebastian. Mas, na larga maioria das vezes, meu interesse vai caindo em progressão geométrica e começo a me questionar se realmente vale a pena ainda ter o nome da pessoa na agenda do meu celular.

Creio que isso se estenda a tudo; tenho sérios problemas em concluir o que inicio.
Li em algum lugar que só uma coisa separa os verdadeiros escritores dos falsos escritores: a capacidade que os primeiros têm em finalizar o que escrevem. Achei desconfortável. Desde que decidi que seria um escritor, e isso faz uns cinco anos, nunca concluí algo que comecei, exceto aquelas histórias curtas.

Provavelmente é algo que atinja a quase toda a minha geração. Eu me desinteresso pelos novos projetos com a mesma velocidade com que me empolgo com eles, minha atenção é desviada com grande facilidade.

Penso em Balzac com seus 95 romances. Em Woody Allen, que faz um filme por ano desde 1965. Em Pessoa e Bowie e todas as suas personas. E penso que não tenho o foco necessário para seguir adiante em um projeto que exija de mim total (ou até parcial) dedicação. Não tenho os bagos para me equiparar a esses caras. Temo que serei sempre assim -- desinteressado, superficial e medíocre. E Deus sabe o quanto eu morro de medo da mediocridade.

Ouvindo "Basta ter a coragem", de Phil Veras.